Avenida Central

O Dia de Portugal

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Guimarães
© Jorge Ferreira

«1143: quem não sabe esta data não é bom português!» Assim aprendi na infância. A data (5 de Outubro de 1143) tem andado maltratada, mas o Tratado de Zamora é o facto político que consuma a fundação de Portugal, mais propriamente a transmutação do Condado Portucalense em Reino de Portugal. Antes disso, tiveram lugar várias batalhas, de entre as quais se destacam a Batalha de S. Mamede e a Batalha de Ourique.

Os últimos tempos têm feito renascer o debate em torno do Dia de Portugal (já o havia abordado nos comentários deste post) e a JSD de Guimarães está a promover uma petição para que o Dia de Portugal seja transferido para o 24 de Junho, dia da Batalha de S. Mamede. Escrevem os jovens políticos que «foi a 24 de Junho de 1128 que D. Afonso Henriques travou uma batalha com tropas leais a sua mãe, D. Teresa, saindo vitorioso, abrindo caminho à Fundação de Portugal.»

O intento é legítimo e promete agitar a política local, reunindo vimaranenses das mais diversas cores partidárias no apoio à iniciativa, mas dificilmente se encontrará consenso sobre a data que havemos de consagrar a Portugal. Na verdade, o 24 de Junho (de 1128) figura entre um conjunto de datas possíveis, entre as quais se destacam 25 de Julho (Batalha de Ourique), 14 de Agosto (Batalha de Aljubarrota), 5 de Outubro (Tratado de Zamora) ou 1 de Dezembro (Restauração da Independência).

¡Viva España!

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Euro 2008 - Fernando Torres - Gol [Alemania vs España]
© blogarjona

Confesso que, após a eliminação de Portugal, desejava a vitória da España no Euro 2008. Não só pela proximidade cultural, linguística e geográfica, mas também pelo progressismo que tem levado a Espanha à vanguarda social e económica da Europa. As últimas duas décadas transformaram um país pobre e conservador numa sociedade próspera e liberal - também por isso, nuestros hermanos mereciam este orgasmo.

Perguntas sem Resposta (II)

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No mandato 2001-2005, a CDU alinhou com maioria que governa Braga de forma absoluta há mais de 30 anos. Nas eleições seguintes foi afastada do executivo municipal pelos eleitores de esquerda que transferiram parte significativa dos seus votos para o Bloco.

Parece que a lição não foi aprendida. Três anos volvidos, a CDU volta a alinhar com a autarquia na votação da moção de censura apresentado pelo PSD. Alguém percebe?

Perguntas sem Resposta

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«E o deputado do Bloco de Esquerda, João Delgado, não perdeu tempo em questionar Mesquita Machado sobre a veracidade do envolvimento dos bens da sua família nos negócios do Colégio de São Caetano. Em concreto, Delgado quis saber se o autarca tinha processado ou tencionava avançar com alguma queixa-crime por difamação contra o autor das notícias que ligam a Quinta de Salgueiró aos negócios do colégio e contra as pessoas que afirmaram em tribunal que ele tinha dado garantias de que urbanizaria a Quinta da Naia.

O presidente decidiu não prestar qualquer esclarecimento e o “bloquista” dirigiu a sua ironia para a bancada socialista, ao perguntar se iam «permitir que o senhor presidente seja difamado nos jornais e em audiências de tribunal». Delgado foi mais longe e desafiou a bancada do PS a participar ao Ministério Público os documentos que falam do envolvimento do presidente da Câmara num processo que o PSD alega que está ainda na fase inicial.» [Diário do Minho]
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Avenida Monumental

O balneário pré-romano da Estação de Braga


Braga Romana
© UAUM

Um dos exemplos citados de uma musealização exemplar tem sido o monumento castrejo descoberto sob a Estação de Caminhos de Ferro de Braga, durante as obras de ampliação e remodelação, em 2003. Acerca do monumento arqueológico em si, existem várias designações comuns para o mesmo: “monumento com forno”, “balneário castrejo” ou simplesmente “estrutura de banhos”. E fundamentalmente, do ponto de vista meramente funcional, é do que se tratava, de um local usado para tomar banhos. A designação de “castrejo” ou “pré-romano” prende-se com o período em que estes edifícios foram utilizados, a Idade do Ferro (entre os séculos VIII e I antes de Cristo), o período que antecedeu a conquista romana do Noroeste da Península Ibérica, ao qual vários investigadores se referem como “Cultura Castreja” ou “cultura dos castros”.

Conhecem-se actualmente quinze monumentos deste género na região de Entre-Douro-e-Minho, além dos que se conhecem na Galiza, nas Astúrias e em Trás-os-Montes. São construções muito características das comunidades proto-históricas do Noroeste da península, normalmente associadas a um povoado castrejo. Estes monumentos eram usados para banhos de sauna e de água fria, um costume frequente na Idade do Ferro, descrito pelo geógrafo grego Estrabão.

No caso do balneário da Estação de Braga, encontram-se visíveis três compartimentos originais: um pátio descoberto, onde corria água em permanência; passando sob a porta temos uma antecâmara interior, com dois bancos corridos nas paredes laterais; restos da câmara de vapor parcialmente destruída, à qual se acedia pelo orifício de passagem aberto na “pedra formosa”, erguida na vertical. A estes três espaços juntava-se uma fornalha, que rematava o conjunto em abside. Nos tempos em que estes edifícios foram utilizados, a fornalha era usada para aquecer pedras de média dimensão (normalmente em quartzito). Estas, quando incandescentes, eram roladas para a câmara, e sobre elas se derramava água fria, que imediatamente se fazia em vapor. O ambiente fechado da câmara (que estaria soterrada) mantia o vapor no interior da mesma durante muito tempo. No exterior, onde normalmente se localizava um tanque, os frequentadores do balneário tomavam banho de água fria, após a sauna. Antes de entrar, haviam untado o corpo com óleo...

Uma descrição sintética e simplista, sem entrar em interpretações acerca deste procedimento, e de outras potenciais utilizações para o edifício, que actualmente apoquentam os arqueólogos...

Fotogaleria JN

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Uma caminhada pela Braga arqueológica...

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Colocando o cursor do rato sobre a imagem podem visualizar o local onde a fotografia foi tirada.

Microsoft Compra Empresa de Braga

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«A Microsoft vai adquirir a totalidade do capital social da Mobicomp para integrar um centro de investigação e desenvolvimento, anunciou hoje o director-geral da Microsoft Portugal, Nuno Duarte. "A Microsoft tem a intenção de aquisição da totalidade do capital social da Mobicomp, sedeada em Braga, empresa que vai integrar um centro de investigação e desenvolvimento como parte da rede dos centros do grupo e um dos mais importantes na área da mobilidade", avançou Nuno Duarte. "Este será o primeiro centro de serviços móveis da Microsoft na Europa", especificou.» [Expresso]

Há muito que reclamamos que, a par de cultura e turismo, a ciência e a tecnologia são as apostas certas para a cidade de Braga. Hoje é notícia a compra da Mobicomp, uma empresa de Braga, pela Microsoft, o gigante mundial na produção de software informático. Braga e os seus empresários, bem como a Universidade do Minho estão de parabéns.

Dois Pesos e Duas Medidas (II)

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Censura? O governo que foi complacente com quem apedrejou outros cidadãos e limitou o acesso das populações a bens essenciais acaba impedir uma manifestação pacífica de agricultores. Pior que isso, a GNR intimidou os agricultores a não participarem na manifestação. O que é que os camionistas têm que os agricultores não têm?

Avenida Plural e Responsável

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Rene Magritte - The Lovers.  365 Days, day 232.
© Mister Rad

A partir de hoje, o blogue apenas aceita comentários de utilizadores registados no Google, Wordpress, LiveJournal, TypePad ou AIM. Adicionalmente, poderá continuar a participar e a comentar esta Avenida Central através do e-mail avcentral@gmail.com.

Dois Pesos e Duas Medidas

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Depois da complacência com os sucessivos crimes cometidos pelos camionistas, o Governo Civil de Braga decidiu proibir a manifestação dos agricultores que agora apelam à desobediência. Terá o governo um peso para os poderosos camionistas e outra medida para os pobres agricultores?

Verão Quente em Braga

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PSD apresenta moção de censura ao Presidente da Câmara de Braga. A bancada do PSD na Assembleia Municipal de Braga anunciou hoje que vai apresentar, sexta-feira, uma moção de censura ao presidente da câmara socialista, por causa de alegadas promessas de urbanização de uma quinta em reserva agrícola. [Público]


Colégio obrigado a consumar negócios ruinosos :: Expresso
Mesquita nega interessa particular em negócio :: Lusa
Órfãos da Verdade :: Braga 2009
Presidência Esclarece :: Município de Braga
Mentira nº 1 :: Braga 2009
Mesquita leva colégio a consumar negócio ruinoso :: Esquerda.net
Eurolímpica envolve Mesquita no negócio S. Caetano :: Braga Bloco

S. João de Braga: Mudar é Preciso!

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Nem um sucesso do outro mundo no festival de hoje, faria com que as Festas de S. João que agora terminam deixassem de ser as piores dos últimos anos. Não sou (só) eu que o digo (1, 2, 3, 4, 5), embora o pense, mas têm-mo dito todos os amigos e amigas bracarenses.

O assunto é polémico e assim apresentado presta-se ao frete militante do costume («quem não gosta que se mude» ou «quem diz isso é do contra e não gosta de Braga»). Digam o que disserem, é por amor a Braga que não nos podemos permitir que continuem a fazer definhar as Festas de S. João. Este ano houve menos gente, menos tradição, menos animação e nem os balanços excessivamente optimistas do costume salvarão a honra de umas festas que, muito felizmente para nossa infelicidade, se mantiveram à margem das televisões.

O S. João de Braga precisa de se revitalizar, ainda que isso custe alterar o figurino e renovar a equipa organizativa. Não há política partidária que divida Braga nesta matéria - o S. João é de todos devia ser de todos e a sua organização devia ser o mais inclusiva possível. Cá estamos para contribuir. Haja vontade.

Bruno Gonçalves no Écran do Estádio Axa

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O Jornal O JOGO já nos habituou a ser o único desportivo que faz uma cobertura aceitável do Sporting de Braga. Ainda assim, fica o esclarecimento sobre algumas informações imprecisas veiculadas na edição de hoje.

Escreve o jornal que durante a apresentação do Sporting de Braga decorreu «a projecção de uma curta-metragem no ecrã gigante do Estádio AXA, com imagens de jogos antigos dos arsenalistas, retirada do fórum do sítio superbraga.com, cujo autor permanece incógnito.» Na verdade, o vídeo projectado é da autoria do Bruno Gonçalves (também cronista do Avenida Central) e foi elaborado para publicação no blogue Arsenal de Braga, um espaço em que o Bruno é co-autor. Parabéns ao Bruno Gonçalves pelo excelente trabalho realizado!

Ó Meu Barulho S. João

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Imaginem o barulho estridentíssimo de uma buzina de camião. Para ser um pouco mais rigoroso, imaginem o barulho estridentíssimo de uma buzina de camião, mas retirem-lhe, por favor, dois ou três decibéis. Multipliquem, agora, o número de buzinas por uma noite inteira. Imaginem, portanto, que o barulho que essas buzinas fazem é ininterrupto durante sabe-se lá quantas horas. Se conseguirem imaginar este barulho infernal, ficam a saber como é o S. João de quem o tem à porta de casa.

E não se aguenta o barulho durante uma noite? Aguenta, claro. E, durante estes dias, também se aguenta o barulho da instalação sonora, mais o barulho dos altifalantes da viatura que divulga a Quinta da Malafaia e outros barulhos avulsos, quase todos suaves quando comparados com o buzinão permanente da noite de S. João. Aguentam-se estes barulhos todos, mas subsiste uma dúvida: o presidente da Associação de Festas de S. João de Braga julga que era esta a sonorização que a RTP deveria apresentar ao país?

Exames? Examinhos, vá lá...

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Estudantes consideram exame de Matemática "demasiado fácil"
Exame de Matemática A mais fácil que no ano passado
Exame de Matemática B também considerado demasiado fácil
Professores cépticos com resultados das provas
Alunos e Professores consideram prova de matemática pouco exigente
Matemática: facilitismo é «desincentivo»
Sociedade Portuguesa de Matemática contra facilitismo
Ministra recusa acusações de "facilitismo" nos exames

Quando leio estas notícias, interrogo-me genuinamente: mas estarão todos errados e só a Ministra da Educação certa? As conclusões são óbvias e nem precisávamos de denunciar a existência perguntas no exame do 6º ano semelhantes às que haviam saído no 4º ano em 2007 para perceber o tamanho do engodo...

Infelizmente, trabalhar para as estatísticas é altamente proveitoso em termos políticos: a mediania do país, reflexo da mediania da escola das passagens políticas e administrativas, não lhe permite perceber o tamanho da ficção dos resultados apresentados.

S. João de Braga: As Notícias

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Braga prepara-se para receber Rei David :: Diário de Notícias
A brincar ao martelinho com banhos de multidão :: Jornal de Notícias
Comboios reforçados no S. João :: Público
Dos míticos 'Dois Cavalos' aos típicos cavalinhos :: Correio do Minho

ABC de Braga: Escola de Campeões

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São tantos os títulos e as vitórias que quase já nem é notícia quando o ABC se sagra campeão. Mas, num ano em que nos afastaram do título maior nacional, é sempre bom lembrar que a equipa campeã nacional de juvenis mora em Braga e veste de amarelo. Bom S. João para todos!

S. João de Braga: Perspectiva Histórica

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Saint Joao festivities in Braga
© grazkola

«No mês de Junho decorriam os chamados «Santos Populares», ciclo de festividades sacro-profanas em que o último vector se tornou dominante e, por vezes, quase exclusivo. [...] Mais importantes eram as festividades em honra de S. João, venerado indistintamente nas áreas rurais e urbanas. A universalidade do seu culto tem sido explicada pelo facto de este comportar uma espécie de religiosidade pagã, consubstanciada em práticas e costumes pré-cristãos, comuns a todos os povos de cultura indo-europeia. Há também quem proponha a sua identificação com ritos solsticiais.

Fora da capital, tinham lugar grandes festejos em Almada (os quais atraíam grande quantidade de foliões, que atravessavam o Tejo em botes e faluas), em Braga (aonde acorriam algumas dezenas de milhar de forasteiros, chamados pelo S. João minhoto, sempre vivo, comunicativo e grandioso, com as célebres danças dos pastores e do rei David) e no Porto (cuja fama advinha das suas cascatas e dos animados bailes ao ar livre, organizados por caixeiros e artífices).»

[Rui Cascão, História de Portugal (V Volume - O Liberalismo), Direcção de José Mattoso]

Com Nuestras Hermanas

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EURO 08 - Vienna FanZone
© webguruat

Braga e as Televisões Pseudo-Nacionais

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acreditas
© neftos

O Presidente da Associação de Festas de S. João de Braga desafiou os grandes órgãos de comunicação social a fazerem maior cobertura das festas deste ano. Embora o assunto não seja novo, há que saudar as palavras de Vítor Sousa.

A inexistência de órgãos nacionais de comunicação social é cada vez mais notória. O Expresso, essa vaca sagrada da imprensa portuguesa, trata o feriado da Madragoa como se de uma coisa nacional se tratasse, não mostrando qualquer respeito pelos leitores do resto do país. A RTP, esse gigante que alimentam com os nossos impostos, demonstra sérios problemas no cumprimento do serviço público, condenando-se a uma mera posição de concorrência com os outros operadores. A SIC e a TVI fazem-se de Lisboa e para Lisboa, apenas captando da província o espectáculo trágico-bucólico que tanto se aprecia pelas bandas da capital.

As culpas, porém, não estarão todas alapadas em Lisboa. É que, para lá dos lamentos recentes, não se conhecem quaisquer acções concretas que visem alargar o espaço da cidade e da região nos órgãos de informação nacionais. No caso de Braga, há até quem diga que as pressões terão sido em sentido inverso, por forma a manter a cidade bem afastada dos holofotes da cena pública. Por outro lado, a política cultural da autarquia, centrada na festinha popular de consumo interno, mantém a cidade à margem dos grandes cartazes nacionais e, para além da Semana Santa, só muito pontualmente consegue marcar a agenda nacional.

Mas seria injusto dizer que o problema é (só) nosso. Em Guimarães, onde a cultura há muito se faz noutra escala, também se acumulam razões de queixa. A tarefa de colocar Braga, Guimarães e o Minho na agenda mediática nacional é hercúlea, mas não impossível. Haja vontade e acabe-se com o absurdo de manter fechada a cidade das portas abertas.

Quando o Hipotálamo Engole o Córtex

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«Um jogo de futebol é um drama ou não é. No dia em que a minha namorada me trocou, eu estava sentado no estádio de Basileia, a vê-los. Sou um tipo civilizado e orgulhoso, não faço cenas. Quando soube do fim inevitável, continuei sentado, absorto, vazio.» [Ferreira Fernandes]

O Regresso dos Gverreiros do Minho

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Depois de uma época abaixo do razoável, o Sporting de Braga volta ao trabalho ainda com várias interrogações relativamente à constituição do plantel da próxima época. Depois de anunciadas várias contratações (Evaldo, Filipe Oliveira, Luís Aguilar, Paulo César, Mário Felgueiras, Moisés e Kalaba), continua por conhecer-se a transferência milionária do defeso a que António Salvador há muito nos habituou. Tendo em conta a cobiça que João Pereira, Alberto Rodriguez, Paulo Jorge, Eduardo e Roland Linz têm despertado, parece certo que o Sporting de Braga não contará com algum(uns) destes para atacar os objectivos da próxima época. [audio rtp]
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Avenida Monumental

Engenheiros, arquitectos e arqueólogos

Reflectindo um pouco acerca das classes profissionais, e o seu relacionamento em situações de interdisciplinaridade, aqui estão três profissões distintas, correspondentes a diferentes áreas do saber, que frequentemente trabalham em conjunto.

Os primeiros, os engenheiros, são profissionais regulamentados por uma Ordem. Em Portugal, ainda que por vezes se utilize o termo com intenções menos inocentes, o engenheiro reflecte uma identidade pragmática, resoluta, e um importante agente do “progresso”, no sentido português do termo. Os arquitectos, ainda que sejam por vezes entendidos como menos pragmáticos, vêem ser-lhes atribuído um status superior. Mais do que um técnico, o arquitecto adapta o útil, ao belo e ao artístico. São também regulamentados e representados por uma Ordem profissional. Os arqueólogos são, dos três, a profissão mais recente, pelo menos do ponto de vista legal (há poucos anos). Surgiram, e são ainda encarados, como um entrave ao “progresso” acima referido, uns mais ortodoxos que outros, e uns mais corrompíveis que outros. Simultâneamente técnicos e investigadores, os arqueólogos não possuem um sistema de auto-regulamentação, sendo portanto a sua actividade profissional regulamentada pela tutela. Possuem apenas uma associação profissional.

Mas a interdisciplinaridade acima referida, nem sempre é uma realidade, ou pelo menos não se verifica tantas vezes quanto o desejável. Quantos projectos se conhecem de trabalho harmonioso e produtivo entre estes três curiosos personagens? Uns quantos. Feitos de negociações, entendimentos e cedências. Mas devíamos, em Portugal, ter mais exemplos...

Do que penso sobre isto, e a título de anedota, sugeria que cada um destes profissionais frequentasse, na respectiva licenciatura, uma cadeira acerca dos outros dois grupos profissionais. Por exemplo eu, que estudei Arqueologia, devia ter tido uma cadeira chamada “Engenheiros”, outra chamada “Arquitectos"...

Seria interessante ver este texto reescrito por um engenheiro e por um arquitecto.
Bom domingo!

Fotografia © SMS

Educação Sexual Fazia-lhes Muito Jeito...

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Dezassete adolescentes fizeram pacto para engravidar juntas

Gostava de Ter Escrito...

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«Só há um momento, em toda a conversa, em que o olhar estremece. “Quando nasceu a minha primeira neta fui ao hospital e a minha nora disse: ‘Pegue lá na sua neta.’ Desatei logo a chorar. Tinha muito medo que não me deixassem mexer nos meus netos, tratá-los. Tenho paixão por crianças, sabe?”» continua... [por Fernanda Câncio]
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Avenida do Mal

Fronteira de Papel

sarko

A construção europeia tem aqueles sabidos princípios de fraternidade, assentes no tal modelo social europeu e na promoção da cidadania. A cidadania europeia, sublinhe-se, como é do nosso gosto, num espaço sem fronteiras multicultural e tolerante, onde a prosperidade e a paz têm essa romântica sustentação. Depois há aquele edifício burocrático e o parlamento europeu como Bolhão do nacionalismo latente, parideiro de mais de quantas directrizes e directivas que desculpam más condutas internas, dando aquele tom de Papão à UE.

Nesta semana, do jargão parlamentar, entre a esquerda libertária e a direita conservadora, saiu a menos europeia de todas as directivas. Pelo menos no que aos valores humanistas europeus diz respeito. Está declarada a prisão aos imigrantes indocumentados, de 6 a 18 meses, pelo simples facto de não terem papéis. É esse o crime e tão ao jeito do governo de Sarkozy e outros, que fazem discurso enxertando todo o mal de dentro com quem vem de fora. A esses e aos bem-intencionados empregadores que, assim, arranjam um argumento bem mais consistente na discussão do ordenado à medida – se é que se lhe pode chamar ordenado - com quem já teve de se meter numa bóia, à deriva entre as colunas de Hércules. Quase tão boa a directiva como um subsídio de Bruxelas, já mais apreciado que a couve do sítio.

E nisto esta directiva tem tanto de hipócrita como de ineficaz, porque a jorrada de imigração vai continuar enquanto a União Europeia se mantiver rodeada da muralha do proteccionismo, essencialmente no sector primário, que devastou as economias dos países de onde vêm os que lhe pedem um visto de trabalho. É uma fronteira de papel. Abrir-lhes as portas, até que seria o mínimo que se podia fazer. Ou isso, ou então jogar pelas regras justas do mercado.

Enfim, irónico e desconcertante, como um dos crapichos do modelo social europeu, o proteccionismo subsidiado, pôde resultar num dos maiores problemas sociais na Europa dos últimos anos: a imigração ilegal.

Falar Verdade a Mentir

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O Ministro que tutela a comunicação social diz que a Câmara Municipal de Braga tem que se desfazer do Correio do Minho. O lapso de Augusto Santos Silva não é grave. Qualquer pessoa que leia o jornal sem reparar na ficha técnica poderia dizer o mesmo...

Adenda - O Vitor Pimenta também lê o Correio do Minho!

Euro 2008: Chora, Portugal!

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A guitarra chora baixinho
© neblina matinal

1. As consequências psicológicas da ejaculação precoce são nefastas. Espero que aqueles que instigaram a euforia estejam cheios de remorsos.

2. Gilberto Madaíl deixou que Scolari fizesse tudo o que quisesse ao longo destes anos. Desde agredir jogadores até insistir na mediania de alguns jogadores (Ricardo, Ricardo e Ricardo!), passando por intoleráveis insultos a vários agentes consagrados do futebol nacional e terminando com o anúncio extemporâneo da saída para o Chelsea. O resultado está à vista.

3. Perante as arbitragens do Portugal-Suíça e do Portugal-Alemanha, espero que os adeptos do Porto, Benfica e Sporting percebam finalmente o que custa constatar que os ricos e poderosos são sempre, mas sempre, beneficiados.

E não se esqueçam de os ir aplaudir, Scolari, Madaíl, Abramovic e o resto da matilha..., à chegada ao aeroporto...

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Venham a mim

CAUM: Homenagem a Fernando C. Lapa

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homfcl
© CAUM

Sob uma chuva de tangerinas, a música coral de Fernando C. Lapa é revisitada pelo Coro Académico da Universidade do Minho. As memórias, os lugares e os espaços de outros tempos revivem-se em cada melodia. As luzes e os sons unem-se numa homenagem ao Homem, ao Maestro e ao Compositor que marcou a história do CAUM.

O Theatro Circo volta a receber um pouco da cultura bracarense no próximo 28 de Junho, dia em que o Coro Académico promove mais um espectáculo a não perder.

Grupos ou Comportamentos de Risco? (II)

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HIV_USA
© CDC, Race/ethnicity of persons living with HIV in USA, 2003

Apesar de tudo o que foi escrito por João Miranda, está por demonstrar que a classificação das pessoas em grupos de risco é mais significativa, mais informativa e mais precisa do que a análise dos seus comportamentos. Além do mais, a segmentação da população tem consequências sociológicas nefastas como a segregação de grupos sociais e o perigo de se alimentar a ideia errada de que os elementos não pertencentes aos grupos de risco estão imunes à transmissão da doença.

Estivéssemos nós em 1950 e andaríamos a discutir se os negros deveriam ser considerados como um grupo de risco. Hoje, porém, os complexos, as manias e as obsessões são outros.

"Vamos ao Debate?"

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"Vamos ao debate?" A pergunta, que comporta um convite, foi formulada ontem por Luísa Teresa Ribeiro no blogue A culpa é sempre dos jornalistas. O que a competente jornalista sugere é uma reflexão e, helás, "muito interessante", a partir de dois artigos de opinião publicados recentemente no Diário do Minho.

Para ajudar a enquadrar o debate, Luísa Teresa Ribeiro publica extractos dos dois textos. Um deles diz que "um homem nunca se deve entregar a uma mulher, o contrário é que é natural e, como também sabem, mesmo assim nem sempre resulta", "uma mulher a mandar nos homens e nos homens todos. Que perspectiva horrorosa, socorro, preferia o Eng. Obama" e coisas assim, bizarras e tontas, ao que parece a propósito da presidente do PSD. O outro texto insurge-se, com correcção, contra o que diz ser uma "afirmação de misoginia política".

Gostava de corresponder ao convite formulado publicamente, desde logo pelo enorme apreço que tenho por Luísa Teresa Ribeiro, mas confesso a mais completa inaptidão para falar de "as mulheres" ou, aliás, de "os homens", "os jovens", "os velhos", "os portugueses" ou "os espanhóis". Evitar generalizações, de género, de idade, de profissão, de nacionalidade, de cor da pele ou sejam elas quais forem, é uma sensatez que não desdenho.

Que Perspectiva Horrorosa!

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«Um homem nunca se deve entregar a uma mulher, o contrário é que é natural e, como também sabem, mesmo assim nem sempre resulta. O PSD escolheu uma mulher para nos governar e vai querer que votemos nela. Uma mulher a mandar nos homens e nos homens todos. Que perspectiva horrorosa, socorro, preferia o Eng.º Obama! As mulheres são muito ingratas, querem é o nosso voto e depois não nos ligam nenhuma. E falo com conhecimento de causa… Mas é preciso muito cuidado com as mulheres, sobretudo na política.» [Eduardo Tomás Alves]

Nem dá para acreditar, mas estas palavras saíram na edição de 11 de Junho do Diário do Minho. Em nome do humor, ainda bem que não inventaram um sistema de quotas para limitar a quantidade de disparates que se lê na imprensa.

Avenida Marginal George Bush

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George Bush vai abandonar a Casa Branca dentro de pouco tempo. O momento é histórico e reveste-se de especial importância; durante quase oito anos, a acção do presidente americano foi um desastre completo. Bush alimentou guerras desnecessárias no Iraque e no Afeganistão, fez uma gestão ruinosa das contas públicas (os excedentes da era de Clinton desapareceram num piscar de olhos) e submeteu a sua política externa aos caprichos dos neocons e aos interesses da indústria armamentista. Os americanos compraram a banha da cobra pela segunda vez, mas os erros de palmatória não escaparam aos europeus.
A história viria a dar-lhes razão. Aos europeus, claro. A leviandade com que Bush encarou um dos dossiers mais delicados da comunidade internacional provou que o conservador americano era não apenas um erro de casting forjado nas urnas mas também um entrave de peso ao solucionar de problemas globais. O Aquecimento Global exigia racionar o consumo de combustíveis poluentes e incentivar as energias renováveis. O aumento do preço do crude criou uma janela política para o natural solucionar do problema. Ledo engano. Bush, que já tinha rejeitado Kyoto, apresentou propostas para diminuir os impostos sobre os combustíveis. Sugeriu encontros para discutir o problema e exigiu à OPEP que alargasse a malha das quotas petrolíferas. Os esforços dos europeus foram em vão.
A Defesa foi outro falhanço. Bush invadiu o Iraque e o Afeganistão. O erro propagou-se: os ataques terroristas sucederam-se e o nível da ameaça não diminuiu. A opção pelo unilateralismo, aliás, não se compreendia. Os europeus estavam unidos. Tinham uma política externa conjunta e despesas militares que justificavam algum poder negocial. Os cidadãos europeus tinham, sobretudo, uma boa atitude. Estiveram sempre mais preocupados em pensar na sua própria política externa do que em criticar a dos americanos.
Sosseguemos. Bush vai abandonar o posto e a escolha que se segue, seja qual for, promete melhorias nítidas – não apenas para os americanos mas também, e sobretudo, para os europeus. Mas o erro era evitável. Se à primeira ainda se compreendia, a insistência foi anedótica. Porque já então os europeus compreendiam de que massa era feito Bush – numa atitude, de resto, partilhada por grande parte do planeta. Ainda esta semana, a Newsweek mostrou que Bush é, a nível mundial, dos líderes que inspira menos confiança. Entre os melhores estão Putin, da Rússia, e Hu Jintao, da China. Não há que enganar; quando tiverem dúvidas, perguntem ao resto do mundo.

Grupos ou Comportamentos de Risco?

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A tese da importância dos "grupos de risco" na transmissão do VIH é um enorme equívoco que que assenta numa visão conservadora e higienista da sociedade. A tentativa de amontoar as pessoas em "grupos de risco" baseia-se na crença de que, em ciências sociais, é útil segregar as pessoas (não necessariamente no sentido pejorativo) de acordo com características físicas ou psicológicas, independemente dos seus méritos e comportamentos. Esta atitude é avessa aos princípios liberais, encerrando enormes perversidades, a maior de todas assenta na indução de conclusões erradas que instilam o preconceito e multiplicam a ingorância.

É universalmente aceite que o VIH se transmite através de comportamentos de risco e não pelo facto do indivíduo A ou B ser considerado membro deste ou daquele grupo. Como depressa se compreende, o membro de um grupo de risco que não tenha comportamentos de risco tem uma probabilidade igual a zero de contrair a doença enquanto que, pelo contrário, um indíviduo que não pertença a nenhum grupo considerado de risco mas que pratique comportamentos de risco apresenta uma grande probabilidade de a contrair.

O risco só não é independente dos grupos na exacta medida em que os elementos dos grupos praticam determinados comportamentos. Este é um dado que não se pode ignorar. Por tudo isto, parece óbvio que a análise dos comportamentos de risco é muito mais significativa, informativa e precisa do que a mera classificação das pessoas em grupos.

Alumni Medicina - Universidade do Minho

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alumni

A Alumni Medicina - Núcleo de Antigos Estudantes de Medicina da Universidade é uma associação sem fins lucrativos que pretende contribuir para a excelência do ensino médico e da investigação científica em Portugal. Tal como sucede noutros países, a sociedade civil empresarial é chamada a contribuir para esta causa através de donativos e parcerias. Mais informações aqui.

Coimbra: Um Passo à Frente

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Metro apresentado em Paris.

O Elogio da Ignorância

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La muerte del SIDA
© Francisco Mata Rosas

«A OMS diz que é só em África que existem números significativos de heterossexuais atingidos por HIV/SIDA, e é desse continente que vêm os poucos europeus heterossexuais que contraíram SIDA.» [Patrícia Lança]

A ignorância é, porventura, o pior dos nossos males. Se lhe juntarmos a reincidente disseminação da mentira travestida de ciência, talvez encontremos avultada justificação para a pobreza em que estamos.

Infelizmente, no século XXI d.C., ainda há quem procure fundear a discriminação de alguns concidadãos em dados científicos. Se a tarefa era já de si execrável caso existissem esses dados, que havemos de dizer quando o destilar de ódios se fundamenta em notícias veementemente desmentidas e, portanto, falsas?

A Ditadura do Futebol

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Quando eclodiu o «caso Mateus» ficou bem claro que o futebol estava à margem da lei civil com a displicência dos responsáveis políticos de Portugal e da Europa. Soa-me escandaloso que um clube seja castigado por recorrer ao sistema de justiça do país, um dos pilares fundamentais do Estado de Direito.

Para lá dos resultados forjados e das decisões juridicamente infundadas, a ditadura do futebol conhece, neste Euro 2008, mais um capítulo aterrador. Perante a displicência de (quase) todos, a UEFA censura imagens dos jogos, limitando-se a passar para a comunicação social o filme que lhe convém. Inacreditável.

120 anos...

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... é tempo manifestamente insuficiente para consumir em palavras uma pátria que era a língua portuguesa. Pessoa evadiu-se-nos cedo demais, mas eu ainda ouço vozes.

Design IN 41ºN8ºW

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Candeeiro "LESS IS MORE"
© Cláudio Rodrigues

Abriu ontem a terceira edição da mostra 41ºN8ºW, uma exposição de trabalhos realizados pelos alunos dos cursos de Design Gráfico e Design Industrial do Instituto Politécnico do Cávado e do Ave (IPCA), de Barcelos. Ao longo das próximas semanas, os trabalhos estarão expostos no Salão Gótico da Câmara Municipal de Barcelos e ao longo de várias lojas da emblemática Rua Direita, numa assinalável simbiose entre campus e urbe. A visitar.
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Avenida Monumental

A Fonte do Ídolo, à Margem da "Avenida Monumental"

Falando em “avenida monumental”, no que diz respeito a Braga, mais facilmente nos vem à memória a Avenida da Liberdade, de projecção bem mais recente que esta outra, mais carismática, que dá o nome ao blogue. Por muito que o aspecto pesado e titânico da Avenida da Liberdade, representativa do contexto político em que grande parte dos seus edifícios foram construídos, esteja hoje esmorecido pela degradação dos edifícios que a rodeiam, ela continua a ser uma das principais artérias de Braga, e o “sambódromo” do S. João.

No entanto, esta pequena nota tem como alvo, não a grande avenida mencionada, mas sim a Fonte do Ídolo, conhecida de muitos bracarenses. O agora mais reduzido e claustrofóbico espaço da fonte, terá sido já um local bastante idílico, ou mesmo místico, num cenário tendencialmente rural: um penedo natural, com diversas inscrições latinas e esculturas, uma nascente... um espaço de culto a Tongoenabiago, no arrabalde de Bracara Augusta.

Não tenho como objectivo aqui criticar a valorização mais recentemente realizada, que me parece ter resultado bem, dentro do possível, mas apenas reflectir como um espaço, que não tendo sido necessariamente monumental, mas pelo menos de forte simbolismo, passou completamente à margem do urbanismo do século XX. E entretanto, só mesmo no final do século teve direito a musealização que a devolveu aos olhares do público.

Agora, que uma monografia do monumento veio a público, revelando as mais recentes interpretações do espaço, esperamos que o Município dê valor a esta sua fonte, e que uma nova dinâmica lhe conceda de novo uma utilização pública.

Fotografia © UAUM
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Avenida do Mal

Tela Negra

Barreiro, na margem-sul do Tejo, o tal deserto de camelos de Mário Lino – que de repente se tornou um Lawrence dessa tão fustigada região do país - vai receber uma Cidade do Cinema, abençoada por Cavaco e fruto da boa vontade e optimismo de Carlos de Mattos, emigrante radicado nos Estados Unidos, amigo de Spielberg e hand in glove com George Lucas. São 300 milhões para criar emprego e atrair Estúdios norte-americanos, encostados na costa leste e quase tão perto de Portugal como da Califórnia.

A novidade é oportuna porque o cinema em Portugal, no que aos apoios do Estado diz respeito, tem uma realidade que é a igual em quase todo o resto, onde o Estado subsidiário se mete. Num destes dias Marco Martins, realizador do excelente “Alice” e a filmar “How to draw a perfect Circle” - ou em português, “Como desenhar um Círculo Perfeito” - queixava-se da dificuldade de obter financiamento público, tudo porque o Estado na pessoa do ICA atribui mais depressa subsídios a Manuel de Oliveira do que a novos realizadores e artistas. E aqui, a querermos o dinheiro dos contribuintes investido na cultura, o instituto público devia, pela o princípio de igualdade de oportunidades e demonstrado o valor, arriscar nos novos e desamparados valores. Mas não, entra no contra-senso de financiar um autor de filmes chatos mas que tem um mercado garantido entre a elite pseudo-intelectual francesa que lhe dá parras de ouro por 2 horas de sequências de plano sobre relógios de sala. É este o filme de tudo o que é financiamento público.

Nas artes, nas ciências, como nos sectores medíocres da economia, o paradigma da própria política partidária, sempre de mãos largas e sorriso aberto – mesmo que amarelo - para o mínimo garantido. Foi talvez essa a irónica lição de “Branca de Neve” de João César Monteiro, o mal-amado realizador, quando finalmente lhe financiaram o filme, depois de garantirem que "não brincasse com coisas sérias": 100 mil contos numa enorme tela negra e um diálogo com sotaque brasileiro. Genial, e por aí, 5 estrelas.

Só se espera que uma "Cidade do Cinema" se faça Meca do cinema independente português. Independente, sublinho, do marasmo do mediano sentido de Cultura dos sucessivos Governos e institutos anexados.

Moral da História

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«Porque das duas, uma. Ou os camionistas tinham razão, e o governo foi incompetente, desde o princípio, em não ter a razão deles em conta (mais: em não a prever), enquanto a vida de muita gente era transtornada e dinheiro a rodos era desbastado. Ou os camionistas não tinham razão - razão politicamente ponderada, entenda-se -, e o governo, estando-se nas tintas para os contribuintes, tira do bolso deles o necessário para se safar.» [Paulo Tunhas, Blogue Atlântico]

Vamos Mimarte!

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Mimarte2008_cartaz

A Câmara Municipal de Braga apresentou a edição 2008 do Mimarte, o Festival de Teatro de Braga que decorrerá entre 27 de Junho e 6 de Julho. São dez espectáculos a subir à cena, trazidos por outras tantas companhias oriundas dos mais diversos pontos de Portugal e de Espanha, repartindo-se por espaços emblemáticos bracarenses como o Theatro Circo, o Rossio da Sé, a Arcada e o Átrio do Museu D. Diogo de Sousa.

A iniciativa é uma das principais marcas do programa cultural bracarense, repetindo, ano após ano, sucessos em termos de qualidade do programa e adesão do público. Pode consultar o programa completo aqui.

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Central

A Desordem Total (III)

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PORTUGAL PARALISA«√O DE CAMIONISTAS
© novais822

Depois do Governo ter fracassado em toda a linha na defesa da ordem pública e no direito dos cidadãos à livre circulação e ao livre abastecimento de bens essenciais, anuncia com enorme orgulho que vai obrigar todos os portugueses a pagar as contas das transportadoras em impostos.

O futuro próximo não vai ignorar que este Governo cedeu perante o uso arbitrário da força, a coação e a ilegalidade, numa nova forma de terrorismo político. A mensagem está dada: um Governo que cede duas vezes é um Governo que cede quinhentas.

A Desordem Total (II)

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Que fique bem claro que, ao ser complacente com evidentes atentados à liberdade de circulação e ao direito à não manifestação, o governo é politicamente responsável pelos problemas de ordem pública que se têm verificado e pela verdadeira crise de combustíveis que se abateu sobre Portugal.

Adenda (13.30) - excelente comentário de António José Teixeira na SIC: «O Governo tem mostrado incapacidade para garantir a ordem no país»

Devíamos Pensar Nisto...

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«Only two European universities (Cambridge and Oxford) are in Shanghai Jiao Tong University's global top 20. Europeans spend an average of $10,191 per student, measured at purchasing-power parity, next to $22,476 in America. They devote only 1.3% of GDP to higher education, compared with 2.9% in America, and—unlike in America—almost all of it is public money. Only 24% of working-age Europeans have a degree, compared with 39% of Americans. And Europe bags an ever-declining share of Nobel prizes.» [Economist]

A Desordem Total

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A manifestação dos camionistas, pelas práticas ilegais que têm sido utilizadas com a complacência das autoridades e do Governo, transformou-se num grave problema de ordem pública. Aos caminonistas tudo é permitido e, no fim de contas, ainda serão premiados com mais subsídios e/ou benefícios fiscais e/ou isenção de portagens.

Adenda (23.10) - Acabo de ouvir na rádio que as sete entradas de Braga estão bloqueadas pelos piquetes de greve e que «quem furar o protesto verá os seus pneus furados e incendiados». É inacreditável.

Os Guerreiros do Minho

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Em vários locais da cidade de Braga, há grandes cartazes publicitários apresentando "os guerreiros do Minho". Os romanizados rapazes que neles figuram encimam um convite: "Alista-te na legião". Nos diários bracarenses, há anúncios idênticos que incluem um outro convite: "Cerra fileiras". A linguagem bélica encontra-se ao serviço do Sporting Clube de Braga.

Não se esperaria que o clube pedisse carneiros para o rebanho de adeptos, mas a vontade de romanizar subscrita pelos "guerreiros do Minho" é dispensável. O futebol é, de facto, "uma alegoria da guerra", escreve Ignacio Ramonet no jornal Le Monde Diplomatique deste mês. Revela-o, diz ele, "a sua terminologia: 'atacar', 'defender', 'disparar', 'contra-atacar', 'resistir', 'fuzilar', 'matar', 'vencer', 'derrotar'".

Os diversos verbos guerreiros não são apenas metáforas para usar apenas durante noventa minutos. Antes e depois dos jogos, o futebol tem dado, não raras vezes, um contributo efectivo para a naturalização da violência. É por isso que os anúncios do Sporting Clube de Braga não são bem-vindos. De resto, há mobilizações que apenas se fazem por serem para "combates" que pouco importa travar.

A Propósito de «Serralves em Festa»

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Porto, Museu de Serralves. Álvaro Siza
© z.z

No passado Sábado experimentei um pouco da «Serralves em Festa», uma verdadeira síntese dos reais motivos pelos quais o Porto cosmopolita está a anos-luz da Braga que insistem em manter inusitadamente rural.

Enquanto passeava pelos magníficos jardins, lembrei-me dos parques que o poder autárquico está a dever a Braga e aos bracarenses. Mal habituados e pouco exigentes, aceitamos sem grandes controvérsias que nos impinjam que «é bom viver em Braga», uma cidade sem um único espaço verde para verdadeira e livre fruição dos bracarenses. Prometeram-nos um Parque Norte, um Parque da Ponte, um Parque do Picoto, um Parque em Lamaçães e muitos enormes parques de diversões, mas a verdade é que nos quedamos sem nada. Nada.

Mas a Fundação Serralves é bem mais que um parque ou jardim... É um centro de arte e de espectáculos eclético e a transpirar modernidade, tal como o Vila Flor em Guimarães ou o Centro Cultural de Belém em Lisboa. Braga continua a fazer-se em torno dos prédios, a que se acrescenta a nova jóia que dá pelo nome de «centros comerciais» gigantes, em descrédito e em desuso na Europa moderna, mas que hão-de entupir-nos até às entranhas nos próximos anos.

Em Braga, nem se aproveita o Cávado nem o Este, não se aproveita verdadeiramente o património nem a história, não se promove a arte nem a cultura. Falhámos redondamente na tentativa de colocar a cidade na rota cultural, arquitectónica e turística de Portugal e da Europa e, pior que isso, continuamos a falhar quotidianamente na simples tarefa de colocar a arte, a natureza e a cultura na rota dos bracarenses.

Em síntese, continuamos a frustrar a tentativa de ancorar esta cidade na modernidade. Mas talvez esse nunca tenha sido objectivo.

Avenida MarginalPobreza George Bush

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Um estudo de Bruto da Costa revelou, entre outras coisas, que quase metade dos portugueses está numa situação vulnerável à pobreza. Foi um bom mote para o populismo: Bloco de Esquerda e PCP puseram em marcha o respectivo repertório humorístico e, deste vez, com Alegre a juntar-se à festa. Nem Manuela Ferreira Leite se afastou da turba em alvoroço.

Compreende-se a situação. Épocas de crise são propensas a demagogias e o estudo, claro, teve o condão de fazer os portugueses exigirem ao Estado mais medidas contra a pobreza. Mas há algo de extravagante nas exigências que os portugueses fazem aos seus governantes. Combater a pobreza exige criar riqueza, tarefa em que os Governos têm, recorrentemente, mostrado uma pródiga inépcia. Alguns conseguem, quanto muito, distribui-la. Mas distribuir um bolo pequeno é condenar a família a viver de migalhas.

Manuel Alegre e seguidores alimentam, ainda, a doce ilusão de que a vitalidade económica de Portugal depende dos humores do primeiro-ministro e das grandes obras do regime, tão do agrado deste Governo. É um engodo apreciável a que o povo adere com agrado. Desresponsabiliza os portugueses e atira as culpas para o homem do leme. A crença é psicologicamente recompensadora para o português, que encontra um bode expiatório, e politicamente útil para os partidos, que encontram solo fértil para fazer demagogia.

Mas é falsa. Portugal não precisa de um Manuel Pinho hiper-activo. Portugal precisa que o Manuel Pinho saia da frente e que deixe trabalhar os portugueses que ainda estão interessados em fazê-lo. Precisa de menos burocracias, de menos impostos e de um Estado menos adiposo. Precisa, sobretudo, de mudanças institucionais que incentivem a produção de riqueza. Fazer como os nórdicos: primeiro a riqueza, depois os impostos. Começar por sair da pobreza pode ser um bom princípio.

Isto exige, também, mudanças culturais. Por exemplo, uma ética que não veja a riqueza como um pecado mas como um objectivo legítimo. O ataque cerrado às «grandes fortunas» é, por vezes, apenas o subproduto de uma inveza tacanha e mesquinha; mas constitui-se, quase sempre, como um olhar persecutório que vilifica qualquer forma de excelência. O corolário final é previsível: a criação de riqueza é desincentivada, os melhores quadros abandonam o país e os cérebros entram em processo de fuga. É verdade que os portugueses não lhes devem nada; mas também é verdade que afastar aqueles que mais poderiam contribuir para o enriquecimento geral acaba por constituir uma forma masoquista e contraproducente de desenvolvimento.

Pelo Direito à Livre Circulação

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Autores de "constrangimentos ou violência" serão responsabilizados. Nota 20 para o anúncio do Governo.

Do Moralismo

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Descobri hoje que a lei não permite o licenciamento de sex shops «a menos de 300 metros de locais de culto, escolas ou parques.» Até percebo que se promova um perímetro higiénico junto às escolas para que as crianças e jovens se não sintam tentados a passar das conversas de cavalos e mulheres nuas. Mas por que raio é que o Estado tem que manter estas lojas afastadas dos fiéis das mais variadas confissões?

A ler: Moralismo Religioso do Estado
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Avenida do Ócio
Mia Couto
© Luís Miguel Martins

Mia Couto apresenta
Venenos de Deus, Remédios do Diabo
11 de Junho, 18h :: Livraria Centésima Página, Braga

Perturbador

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«“Se eu morresse aí, quem ia contactar a minha família? Ninguém sabe onde eles estão, ninguém sabe quem sou, ninguém sabe de nada”. No coração do Porto, Telmo é só mais um.» [JN]

Numa excelente reportagem publicada no Jornal de Notícias, Helena Teixeira da Silva, Joana Bourgard e Miguel Conde Coutinho trazem-nos o amor mundo cão que tantas vezes teimamos ignorar. Jornalismo de enorme qualidade e serviço público. [via Mal Maior]

Ópio do Povo (II)

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João António tem 44 anos, é casado e pai de duas filhas. Trabalha como profissional liberal no ramo jurídico, conseguindo um rendimento médio mensal nunca inferior aos 3.000 euros. Ainda assim, prefere descontar pelo ordenado mínimo, usufruindo da bolsa de estudo para a filha que está a frequentar o ensino superior. Ontem, como todos os grandes patriotas, saiu à rua a festejar. Eis um grande português.

Ópio do Povo

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Também eu sinto um arrepio quando ouço o hino de Portugal. Mas sair para a rua festejar uma mera vitória num jogo da fase de grupos...

Contem-me Novidades

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Goste-se ou não, Manuel Alegre tem tido a coragem de criticar o seu próprio partido que todos admitem andar arredado da matriz ideológica que o enformou durante décadas de existência. José Lello, dirigente socialista visivelmente incomodado com a liberdade de pensamento do seu companheiro, partiu para a mentira. Apesar disso, ninguém no partido se incomodou muito com a mentira de Lello.

A política portuguesa é velhaca e comezinha. Sempre que alguém se torna incómodo, tenta-se o assassinato de carácter. Mas isso, da direita à esquerda, não é novidade para ninguém.
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Avenida Monumental

A "Braga Romana" e a Epígrafe de Semelhe

Tendo aceitado o muito honroso convite do caro Pedro Morgado para escrever semanalmente umas palavras na rubrica “Avenida Monumental”, abordando a temática da Arqueologia e do Património, às quais me encontro ligado profissionalmente, e na verdade sentimentalmente, aqui escrevo pela primeira vez. A Arqueologia é uma ciência muito particular, e por muito que nos custe, a nós, profissionais da área, muitas vezes controversa, ou pelo menos relacionada com questões controversas. Para o cidadão comum a Arqueologia pode ser identificada por palavras bastante distintas: “interessante”, “engraçada”, “importante”, “dispensável”, “empecilho”, “hobby”, “extravagância”... Rótulos colocados consoante o grau de interesse, conhecimento, ou envolvimento do rotulador. Vamos então conhecer novos e diferentes aspectos desta área? Digo “vamos”, porque eu, reconhecendo limitações científicas, e não gostando de debitar informação que não venha a ser questionada, espero poder vir a depreender, desta pequena experiência, novos aspectos relativamente à minha própria área profissional.

A “Braga Romana” referida no título, não visa uma identificação com o certame de Recriação Histórica com que nestes últimos dias os Bracarenses foram presenteados, mas sim a Bracara de outros tempos, precisamente a Braga dos tempos em que os “invasores” vindos do Mediterrâneo, por aqui andaram. Confesso no entanto, que a realização da “Braga Romana” por estes dias, serviu de pretexto a escrever um pouco (na verdade, demasiadamente pouco) sobre um dos símbolos conhecidos mais carismáticos do Município romano de Bracara Augusta. Refiro-me ao “Altar de Semelhe”, conhecido de muitos Bracarenses de hoje.

Trata-se de um pesado elemento de granito, que o meu caro “compatriota” da Beira Alta, Albano Belino, recolheu em 1896, junto da capela do Senhor do Lírio, em Semelhe. De forma cilíndrica, em jeito de base de coluna, e interpretado à partida como um altar (uma ara de invulgares dimensões), apresenta grande parte da sua face afeiçoada preenchida por uma inscrição latina. Socorro-me então do meu prezado “colega” vimaranense, o arqueólogo Mário Cardozo, para aqui colocar a sua interpretação da epígrafe: “Ao Imperador César Augusto, filho do Divo, Pontífice Máximo, do Poder Tribunício 21 vezes. Os Bracaraugustanos consagraram este monumento (inaugurado) no dia natalício de Paulo Fábio Máximo, Legado Propretor.”

Esta inscrição, a mais remota das inscrições latinas Alto-Imperiais, em Bracara, viu ser-lhe atribuída pelos investigadores uma conotação quase fundacional, sendo certo que ela será pouco posterior à fundação do Município romano. Nela se faz referência, pela primeira vez, à comunidade municipal dos Bracaraugustanos. Através deste singelo monumento, eventualmente integrado num conjunto monumental extenso e ainda desconhecido para nós, os Bracaraugustani homenageavam o Propretor romano.

Aqui fica uma referência a este simbólico elemento, ciosamente guardado no Museu Arqueológico da Sociedade Martins Sarmento, em Guimarães.

Braga Romana

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Roma Victor!
© virgi lex zuo

Ainda que os epítetos de «Cidade dos Arcebispos», «Capital do Comércio» e «Capital do Barroco» não sejam para desbaratar, a verdade é que a «Braga Romana», ou Bracara Augusta, marcas tão inexploradas na promoção da cidade, podem converter-se numa inesgotável fonte de história, mística e potencial económico.

Os últimos tempos têm demonstrado que a cidade parece ter finalmente acordado para a importância do marketing, estando contudo muito longe da «forte imagem de marca» a que Sande Lemos aludiu na segunda Conversa Improvável.

A publicidade da Associação Comercial, a campanha do Sporting de Braga e a aposta da Câmara Municipal na reedição da Braga Romana têm sido fortes argumentos para que os bracarenses se reconciliem com um passado tantas vezes mal tratado. Tão importante como estas iniciativas emblemáticas seria o avançar definitivo para a recuperação do Teatro Romano recentemente apresentado, a adopção de medidas concretas de protecção da herança monumental romana no centro histórico e a promoção do roteiro da Bracara Augusta.

Os resultados positivos da aposta parecem indicar o caminho e justificar maior investimento e mais imaginação na sedimentação da marca «Bracara Augusta» por forma a não desperdiçar o potencial e o imaginário associados à época romana. Leia-se o entusiasmo.

Bracalândia: De Trapalhada em Trapalhada

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Diversões no de Dam
© Carla e Dani Duc

Não será preciso tirar um curso de gestão autárquica para se perceber a falta que a Bracalândia e as suas 200.000 visitas/ano fazem à economia do concelho e da região. Decorridos mais de seis meses desde o encerramento, ainda nada se sabe sobre os novos projectos de parques de diversões anunciados como certos ainda antes da Bracalândia encerrar.

Em vez disso, a Câmara de Braga, pela voz do seu presidente, anuncia que vai estudar a construção de um parque de diversões no Parque de Exposições. Numa matéria tão pejada de erros estratégicos, aconselhava o bom senso que a edilidade se abstivesse de comentários que apenas ajudam a avolumar a trapalhada.
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Avenida do Mal

¡Olé!, RTP...

Por esta altura tudo se esquece, tão entretidos estamos nós com a selecção e a idolatria ronaldesca. Muito se enganou Marx: o futebol é o ópio do povo, se bem que na Argentina lhe erguem igrejas. No entanto, convém (re) lembrar os mais desatentos que esta semana o Tribunal de Lisboa proibiu a RTP de transmitir a Tourada de domingo (amanhã), antes das 22h30 – ao contrário das 17h30 como planeava a televisão pública. Mais, esta tem de ser levar o tal identificativo visual a avisar do inapropriado da coisa, para gente impressionável ou de tenras idades, na bolinha ou rodinha vermelha.

Ao contrário do que parece, é uma óptima salvaguarda para os telespectadores exigentes e interessados, pelo menos no que à Televisão do Estado obriga, do que é qualidade e dever do serviço público na sua forma de comunicação audiovisual, e numa altura em que os paineleiros dos jornais televisivos parecem tocados pela idiotice como febre de Dengue. É ver, por exemplo, o espectáculo degradante de Moita Flores, Rogério Alves, onde se salva, quase que por milagre que até a ele lhe incomoda, o psiquiatra José Gameiro. E não, não é solidariedade de classe.

Ora a decisão precipitada por uma queixa da associação Animal é, repito, um sinal de cidadania activa nos tribunais neste país em que parece que ninguém se mexe para nada, em espontâneo, para abanar a mentalidade colectiva da dormência... Tirando claro, aquelas grandes operações logísticas da CGTP - mas isso é sobre salários

Mas voltando às Touradas. Vai daqui o aplauso – meu, que seja, meu que de Ribeiro e Castro é assobio – pelo fim da barbárie em horário nobre. E acrescente-se, mais que a prevenção de "influir negativamente na formação da personalidade de crianças e adolescentes”, como saiu da sentença, poupa-nos daquele que é o mais representativo e vergonhoso espectáculo da pobreza intelectual portuguesa. Melhor, obriga também a televisão do Estado, paga pelos contribuintes todos, até mesmo por um chafariz de praça com contador de luz, a ponderar o que deve ser prioridade sua programação, obrigatoriamente formativa, mesmo no entretenimento, e informativa.

E nisto, a tourada até chega a ser coisa pequena quando comparada com 12 horas de transmissão televisiva em redor de um autocarro de futebolistas, ou outras tantas à volta de andores e sermões desde a Cova da Iria, a 13 de cada mês. Dá vontade de meter bolinha vermelha no canto de tão gritante, sobretudo quando as televisões privadas já estão a fazer a mesma coisa e do zapping parece que só se nota mudança no tom de cor. Arre!

Outras Avenidas (IV)

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A degeneração de Braga, no blogue Remisso.

Conselhos Úteis

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Se está a pensar ir a Pequim assistir aos Jogos Olímpicos, tome nota. É cada vez mais claro que as boas intenções do comité das argolinhas não passam de um logro, uma máquina de fazer dinheiro.

Nomeado!

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obama
© Daryl Cagle

Avenida Plural

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Avenida Central
© moacirdsp

Depois de desvendada a nova identidade gráfica, é com enorme prazer que vos anuncio que o blogue Avenida Central conhecerá novas ideias, novas imagens e novas reflexões. Ao longo dos próximos dias, o blogue conhecerá três novos cronistas, numa lufada de diversidade, pluralidade e qualidade.

Eduardo Jorge Madureira, Director Pedagógico do Projecto Público na Escola e Director da Colecção «Braga Bimilenar» da Fundação Bracara Augusta, aceitou o desafio de partilhar semanalmente, à Terça-Feira, algumas reflexões «Na Esquina da Avenida Central».

A «Avenida Monumental» chega-nos aos Domingos pela mão de Gonçalo Cruz, arqueólogo da Sociedade Martins Sarmento. Das raízes do que somos ao que somos, esta Avenida estará recheada de História e de estórias.

Porque há imagens que valem mais que mil palavras, o Avenida Central inicia também uma colaboração algo diferente das restantes crónicas. Bruno Gonçalves, estudante de Arquitectura e autor do blogue BrunoSpot, vai trazer-nos o mundo na «Avenida Objectiva». Todas as Quintas-Feiras, uma imagem marcante.

Continuação de bons passeios pela Avenida!

Quantos Votos Vale a Pobreza?

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«Dizia Mário Soares que se o PS não governar olhar para as questões sociais é o PC e o Bloco de Esquerda que vão ganhar com isso. Isto é, a preocupação de Soares, não é que os mais desfavorecidos tenham uma vida melhor, mas que o PS não perca votos no próximo acto eleitoral. Uma estranha motivação para se ter em conta quanto valem os pobres, apenas votos.» [Francisco de Assis]

Este Post Não É Sobre Futebol!

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Jose (40)
Forografia: © shesgoingbad

Psicologia! Muita psicologia! Já todos sabem qual é o segredo de Mourinho para ganhar, mas poucos sabem servir-se dele de uma forma tão genial. José Mourinho sabe bem que a antítese do especial confirma-o, reafirma-o, consagra-o... especial.

Erradicar as Praxes Violentas

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Mariano Gago avisa que não pactuará com as omissões das instituições de ensino superior na perpetuação das praxes violentas. A mensagem política está lançada e, como tal, a atitude do Ministro não pode deixar de ser enaltecida já que se afigura vital para a erradicação dos fenómenos violentos que ainda persistem no Ensino Superior. Estranho que se estranhe que um Ministro se comprometa a fazer cumprir a lei, mas adiante.

Pode ser que qualquer dia, a sociedade civil desperte para a promiscuidade entre hierarquias da praxe e dirigentes associativos que muito tem contribuído para a perpetuação de alguns clãs nas direcções das associações académicas.

Promover a Riqueza

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«A ‘pobreza’ justifica um ‘Estado grande e pesado’. Por cada ‘pobre’, há um ‘funcionário’ que ‘combate’ a ‘pobreza’. Temos aqui um círculo vicioso: as forças políticas que se alimentam, com muita demagogia e muito populismo, da ‘pobreza’, precisam dos ‘pobres’ para aumentar o seu poder. Não é só a ‘pobreza’ que dá força à extrema-esquerda. É o poder da extrema-esquerda, nos sindicatos, nas corporações profissionais, na comunicação social, que impede as reformas necessárias para combater a ‘pobreza’.» [João Marques de Almeida]

Não são raras as vezes em que simpatizo com a frontalidade desalinhada, quase rebelde, com que Manuel Alegre denuncia o medo com que nos abatemos quotidianamente. Como bem descreve Bernardo Pires de Lima, há em Portugal «o clima típico de uma sociedade caduca, bafienta e medrosa» que «tem muito respeitinho pelos vivos e pais da pátria, donos do regime

Sem medo, Manuel Alegre aceitou participar num comício que pretendia conjugar as esquerda na luta contra a pobreza, justificando a sua presença com «a preocupação, inquietação e solidariedade para com todos os portugueses que passam momentos difíceis porque votaram nos socialistas

Embora o poeta-político proponha que se erradique a pobreza pela redistribuição dos recursos existentes quando seria mais justo e avisado erradicá-la pelo estímulo à criação de mais riqueza, a verdade é que Manuel Alegre deu mais um empurrão para a ruptura do modelo político-partidário vigente. E, pelo que se tem lido e ouvido, há muito quem no PS gostasse de ter dito que, «obviamente, há limites à liberdade de expressão no partido para os militantes.» Há coisas fantásticas, não há?

O (Des)Acordo Ortográfico

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«Google, it could be said, conquered its first Romance language last week. The Portuguese parliament voted last week to change its national language to reflect the more popular Brazilian Portuguese, the language used by about 80 percent of the world’s 230 million Portuguese speakers. In the next six years, European Portuguese will be phasing in three new consonants – k, w and y – and dropping confusing hyphens and silent consonants. So from now on, when you are IM-ing a Portuguese beauty, the correct style is otimo, not optimo, when she suggests meeting for a drink.» [Times Online]

Há Cérebro na FNAC de Braga

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A Volta do Cérebro

A Crise dos TUB

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Uma nota de serviço emanada pela administração dos Transportes Urbanos de Braga (TUB) em que se responsabilizam os condutores dos veículos pelos prejuízos causados em terceiros nos acidentes com culpa está a incendiar a paz social no seio daquela empresa. Ao contrário do que sucedeu em Matosinhos e Olhão, as greves dos motoristas da TUB constituem-se como um direito que, independentemente de se concordar ou não com as motivações que estão na sua origem, está a ser exercido nos âmbito do artigo 57º da Constituição da República Portuguesa.

O Diário do Minho, em jeito de disjunção, alerta para o alegado conflito de interesses entre o direito dos trabalhadores à greve e o direito dos utentes à prestação do serviço de transporte. Na verdade, não é a greve dos trabalhadores que conflitua com o direito dos utentes ao transporte, mas a incapacidade da administração em providenciar esse mesmo serviço num momento em que os funcionários contestam a gestão da empresa. O prejuízo dos utentes, obviamente gravoso do ponto de vista social, é um tema que estes devem resolver com a administração da empresa, junto da qual devem protestar e, se entenderem adequado, solicitar o justo ressarcir dos prejuízos causados.

Objectivo 2020?

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Student's life
Fotografia © jsome1

O Governo anunciou que a ligação ferroviária de alta velocidade entre Lisboa e Madrid estará concluída em 2013, enquanto que a ligação entre Lisboa e o Porto será uma realidade em 2015. Sobre o troço entre Porto, Braga e Vigo nem uma palavra.

Avenida MarginalCombustíveis

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O Bloco de Esquerda (BE) quer “travar a espiral especulativa verificada nos últimos tempos” no mercado de crude. A proposta é simples: o Governo estipula um preço máximo, que é fixado tendo como termo de comparação os preços praticados num grupo de países de referência. Na prática, passa a estar em vigor um limite para a variação de preços.

A proposta nasce manca. Por exemplo, é interessante imaginar como é que é possível comparar preços entre países quando não há harmonização fiscal. Actualmente, os preços em Portugal estão muito próximos da média europeia; a diferença vem, em grande parte, da carga tributária. Dada a intransigência de Sócrates em baixar impostos, resta a Francisco Louçã convencer os Governos europeus a aumentarem os seus. Sempre se salvava uma proposta.

Depois, a maldita especulação. Não sei onde é que o BE vai buscar a ideia de que há uma “espiral especulativa”. Com tantas certezas, talvez o melhor fosse investir em crude e ganhar uma pipa de massa do que em revelar ao mercado que há uma bolha a formar-se (o facto de o mercado não ter reagido também indica que a credibilidade do BE em termos de análise económica não será a melhor).

De qualquer modo, um preço máximo não limita a especulação. Limita a oferta. E fomenta a procura. Não haverá apenas especuladores a sairem do mercado. Haverá consumidores sem gasolina e filas enormes para racionar a oferta, à semelhança do que aconteceu em 1973 nos Estados Unidos. O impacto mediático do controlo de preços é inversamente proporcional à sua eficiência económica.

Mas assumamos que há mesmo especulação a aumentar o preço. Qual é exactamente o problema da especulação? A especulação representa uma aposta em relação ao preço futuro. Quem compra hoje para vender amanhã acredita que o preço de hoje é inferior ao preço de amanhã. Mas a aposta representa um risco: a previsão pode sempre sair furada.

Qual é o resultado final? O primeiro é que a procura actual aumenta – o preço sobe. O segundo é que a oferta futura também aumenta – o preço desce. A parte engraçada é que a especulação tende a equivaler os dois preços. O aumento de preço é o mesmo, com ou sem especulação. A especulação apenas torna a transição mais suave. Esta proposta do BE é mais demagogia barata.

Laicos, Mas Pouco

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«Os socialistas afirmam não perceber «como é possível» que a autarquia organize um espectáculo de folclore no dia da peregrinação à Senhora da Fé. Realçando que na peregrinação «participam milhares de vieirenses» e que manda a tradição que a festa decorra durante todo o dia e seja animada por bandas filarmónicas durante a tarde, a secção de Vieira do Minho do PS sugere que só «a falta de organização» dos eventos da Câmara ou a «vontade de esvaziar» a festa religiosa pode justificar que uma autarquia presidida por um sacerdote organize uma actuação de ranchos folclóricos na vila.» [Diário do Minho]

Depois da organização de peregrinações à Nossa Senhora de Fátima, o Partido socialista, laico e republicano continua a surpreender ao indignar-se pelo facto das actividades culturais promovidas pela autarquia de Vieira do Minho, presidida por um padre, poderem retirar clientes a uma peregrinação religiosa. Não admira que Alegre e Soares se sintam desapontados com um Partido Socialista que, além de ser o mais conservador da Europa, ainda renega alguns dos princípios fundamentais que lhe deram origem. Eleitoralismo a quanto obrigas.

A Ejaculação Precoce

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Portugal Fans
Fotografia: © Kianoosh

Quando eu era pequenino exploravam as vitórias do futebol até à exaustão. Filmavam-se jogadores desnudados nos balneários, entrevistava-se a assombrosa mulher do presidente da colectividade e visitava-se a capelinha do bom agoiro, numa síntese capaz de deleitar tanto o mundo dos amantes do futebol quanto o universo (sobretudo) feminino severamente desligado dos pormenores da coisa. Agora que as mulheres descobriram os seus prazeres e suspeitando-se da impotência desta nova geração de talentos, exploram-se os preliminares até ao tutano, numa extemporânea ejaculação precoce de contentamento pelos feitos a haver.

O espectáculo de hoje foi ridículo e deprimente, mas não deixa de ser metáfora do país. Esta ânsia de festejar antes do tempo, paradigma de uma sociedade de gente fútil, farta de tudo sem esforço nenhum, habituada ao sistemático premiar da mandriice e da indolência, desabituada de prestar contas e profundamente crente num Estado capaz de resolver todas as (ir)responsabilidades individuais, é o sintoma mais evidente da doença grave que se abateu sobre Portugal.

À medida que a crise social se adensa, o país vai oscilando entre a depressão psicótica e a euforia delirante num ritmo assustadoramente doentio. Por muito que custe e, tal como António Barreto escreve no Público, é preciso trabalhar, trabalhar. Deixemos a euforia para depois.
"Mi vida en tus manos", um filme de Nuno Beato

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